Apenas uma última homenagem...

O meu super-avô morreu aos 91 anos de idade. Com o surgimento da doença da minha avó há já vários anos e com o seu próprio problema recente na vista que o impedia de ler horas a fio como tanto apreciava, passou a dedicar-se quase exclusivamente à minha avó. De tal forma que sempre que ela desabafava "Eu só dou trabalho, já não faço aqui falta nenhuma" ele respondia sempre com a boa disposição que o caracterizava: "Oh, então quando tu morreres eu vou logo a seguir que não fico cá a fazer nada!"

No fatídico dia 24 de Julho em que um qualquer motorista de um qualquer veículo interrompeu de forma brusca o passeio diário que o meu avô cumpria, e momentos antes de perder os sentidos, o meu avô dizia apenas as seguintes palavras:

"Sou o Vasco Gaspar, e a minha mulher está sozinha em casa!"

Uma última lição, que só surpreende quem não o conhecia. Impossível medir o orgulho enorme que sinto por fazer parte da família dele.

Que descanse em paz.

4 comentários:

Dianinha disse...

Como diz um dos meus escritores preferidos, não é morrer que é para sempre; nascer é que é para sempre! (Mia Couto)

Um beijinho grande *

Gaga disse...

Eu tambem teria ORGULHO.

Anónimo disse...

Estive diversas vezes para deixar uma mensagem....mas faltou-me a coragem, não porque tenha receio do que quer que seja, mas pelo simples facto de saber perfeitamente o que nos vai na alma quando alguém decide abandonar o nosso mundo...
Esta vida é efémera meu querido amigo, estamos por cá enquanto nos deixam...o reencontro é certo, tal como a morte (quero acreditar piamente no que acabo de escrever)para que possamos continuar a nossa caminhada...

Um grande abraço
r_p

jf disse...

Não posso deixar de comentar este post e de confessar que senti um "arrepiozinho"!
Tive a honra e o prazer de conhecer o Sr. Vasco e tratava-se de uma pessoa especial!
Tens motivos para estar orgulhoso Jon!
Um grande abraço ;)