Abraço

“Pronto, então muito obrigado. Abraço.”

Muito por causa do meu trabalho falo ao telefone diariamente com 20/30 pessoas. Homens e mulheres que, na sua grande maioria, conheço pessoalmente. Acontece que cumprimento todos os homens com um natural aperto de mão e parte das senhoras também. A outra parte das senhoras cumprimento com dois beijos. Compreende-se, portanto, que essas senhoras se despeçam de mim, depois de uma chamada telefónica, com uns saudáveis “beijinhos!”.

O que não se compreende é por que razão quase todos os homens se despedem com um “Abraço”. O que é isso? Nunca lhes dei abraço nenhum, penso até que se contam pelos dedos os homens que cumprimento com abraços... e mesmo esses é só em ocasiões especiais! Mas o pior é que dou por mim a retribuir o abraço quando em grande parte dos casos não tenho vontade nenhuma de abraçar aquelas pessoas!!! E agora que penso nisso, na minha terra “andar aos abraços” até é uma expressão com um significado bem mais violento...

Bem vistas as coisas, não faz grande sentido despedir-me ao telefone com um “Pronto, então receba um aperto de mão de média força e tenha um bom fim-de-semana!”, mas isto do abraço... um abraço acaba por ser bem mais importante do que os tais beijinhos que se distribuem por aí!

A partir de hoje, portanto, vou tentar nunca mais dirigir um abraço pelo telefone a pessoas a quem nunca tive realmente intenção de abraçar. E é capaz de não ser tão fácil como parece...