Ainda o Angelicalm

No artigo anterior fiz uma breve referência ao Angelicalm como uma das coisas que mais me irritam. Mas este merece uma análise detalhada. Não é o produto em si que me irrita, mas sim a publicidade. Na rádio dizem, com a maior das naturalidades, que o produto é feito à base de Melatonina, Valeriana e Passiflora. E o que me irrita mesmo é esta naturalidade.

Não é um "comprimido à base de componentes soporíferas, como Melatonina, Valeriana e Passiflora". Não. Parte-se do princípio que o português comum convive diariamente com a Valeriana e que come Melatonina com batatas e feijão frade às quintas-feiras ao almoço. E quem é que nunca teve uma relação complicada com uma Passiflora pelo menos uma vez na vida?

Nada disso, toda a gente sabe quem são estas meninas e por isso dizem-nos que o comprimido tem Melatonina, Valeriana e Passiflora como diriam que são comprimidos de queijo fresco com aromas de café e amoras silvestres.

Parece que estou a ver malta que está a conduzir e a pensar "eh, pá, dormi mesmo mal esta noite, não há maneira de dormir em condições!" e de repente ouve esta publicidade. "Finalmente! Finalmente decidiram meter a Melatonina num comprimido! Tenho que comprar isto antes que esgote. E ainda por cima tem aquele gostinho a Passiflora que faz com que eu sonhe com unicórnios azuis e gomas com açúcar..."

Para além disso, é o mau aspecto. Se eu quero um comprimido para dormir gostava de ouvir que tem vitamina A, C, e E. Apesar de também não as distinguir , são nomes que soam bem. Melatonina, Valeriana e Passiflora parecem claramente coisas que nos vão rebentar todos por dentro a começar na garganta e a acabar sabe-se lá onde.

Mas que são três nomes lindos para se dar a filhas... isso são. "Passiflora! Não te disse já para não mexeres aí? Valeriana, e tu vai mudar a fralda à Melatonina como a mãe te ensinou..."