Oscars 2012 - Os resultados


Não foi a edição mais extraordinária de sempre, mas esteve vários furos acima da do ano passado. Billy Crystal não é irreverente nem surpreendente, mas é garantia sólida de qualidade, e a verdade é que a Academia continua a confiar-lhe a tarefa de anfitrião. Cumpriu bem, com alguns momentos muito divertidos como a apresentação dos vários filmes do ano.

De resto, alguns momentos altos como o grande Robert Downey Jr., a surpreendente Emma Stone e os emocionantes discursos de Meryl Streep e Chistopher Plummer. Dois grandes exemplos de como se deve discursar - se não conseguiram ver podem ver hoje a partir da meia-noite na TVI e garanto que vale a pena.

Não tivemos grandes surpresas este ano (o mesmo aconteceu em 2011), tendo a cerimónia sido abrilhantada pela breve participação dos Marretas e pelo Cirque du Soleil.

O Artista foi consagrado o Melhor Filme arrecadando ainda mais quatro estatuetas, entre elas Melhor Realizador e Melhor Actor. Também Hugo venceu cinco Oscars, embora mais técnicos.

Pessoalmente fiquei mesmo, mesmo contente pelos Oscars de Meryl Streep e de Bret McKenzie (o tal dos Flight of the Conchords) com a música dos Marretas. Justíssimos!

A festa volta em 2013. Espero que com a lucidez necessária do convite a Ricky Gervais, Tina Fey ou Steve Carrell para a apresentação da cerimónia...

Cinema em contra-relógio

O tempo escasseia e eu tinha uma quantidade incrível de filmes para ver até ao final desta semana. É claro que não consigo ver todos, mas não falhei os essenciais e daqui até Domingo ainda consigo ver mais um ou dois.

Breve resumo dos mais recentes:

O Artista estava destinado a grandes prémios. A crítica é quase unânime - uma realização irrepreensível, um actor principal (onde é que o foram descobrir?) que é uma mistura perfeita de Gene Kelly e de um jovem Sean Connery e uma ideia que, não sendo totalmente original, é muito bem estruturada numa bela homenagem aos primórdios do cinema.

Hugo também tem o material de que são feitos os vencedores de prémios. Sob a batuta do mestre Scorsese, o filme é também um homenagem ao cinema mas não só: também à imaginação, à fantasia, à magia. Em 3D, então, é óptimo...

Extremamente Alto e Incrivelmente Perto é um título pouco ortodoxo para um filme. No entanto, e apesar de arrasado pela crítica em geral, é mais um dos nomeados do ano. Compreende-se a crítica na medida em que os americanos são extremamente sensíveis no que respeita ao 11 de Setembro. Neste filme o acontecimento é retratado de uma forma um pouco leviana, mas apenas porque não é o aspecto central. É um conto aceitável, mas o jovem protagonista (aí tenho que concordar) é extremamente irritante. É um filme mediano, que se vê bem mas que se torna demasiado longo para a história que pretende contar.

Também com Cavalo de Guerra a crítica tem sido terrível, mas aqui custa-me mais a compreender. A verdade é que apesar de tanta coisa boa que Steven Spielberg deu ao cinema o seu passado torna-se um fardo demasiado pesado para carregar. Sempre que há um filme de Spielberg todos querem (esperam?) um novo E.T. ou um Jurassic Park e as expectativas tendem a ser demasiado elevadas. Cavalo de Guerra foi provavelmente o filme que mais me agradou ver nesta época. Reconheço-lhe falhas : Não se compreende porque todos os europeus falam inglês; os momentos que deviam levar o público às lágrimas falham inexplicavelmente; é demasiado inócuo em relação ao tema da guerra. Mas tem virtudes que valem a pena - uma cinematografia incrível, a banda sonora que marca perfeitamente os vários ritmos do filme, as cenas f-a-b-u-l-o-s-a-s que conseguem criar com um cavalo (cada vez mais acho que devia haver prémios para actores animais...). Gostei bastante e recomendo!

Num quadro mais intelectual, mais minucioso temos Tinker Tailor Soldier Spy, o tal que finalmente levou Gary Oldman a uma nomeação a um Oscar. E deixem-me que vos diga que merece não só a nomeação mas provavelmente a própria estatueta. É uma personagem construída com muito trabalho, dedicação, ao pormenor - o tom de voz, o olhar, a presença... brilhante! O filme em si não é, definitivamente, para todos. É o mundo da espionagem a sério que inclui mistério, tensão, silêncio (muito silêncio) e torna-se, a espaços, muito lento. Mas é justificável e ajuda a construir a personagem de Mr. Smiley como um James Bond que não explode carros nem anda às cambalhotas.

Por fim, The Girl With The Dragon Tatoo. David Fincher não deixa os seus créditos por mãos alheias e constrói aqui um thriller emocionante baseado no best-seller Millenium 1 - Os Homens Que Odeiam As Mulheres. Confesso que não li o livro mas gostei do filme e essencialmente da personagem que Rooney Mara interpreta de forma soberba. Não consigo gostar de Daniel Craig por isso fica sempre uma sensação de que com outro actor no seu papel o filme só tinha a ganhar. Mas há momentos brilhantes e um ritmo que faz mesmo lembrar o de Se7en. A ver, sem dúvida!

Para tudo ser perfeito faltavam-me The Iron lady, My Week Wuth Marilyn e Albert Nobbs até Domingo. Vamos ver o que se consegue fazer...

O homicida de Beja

Vivem-se dias difíceis em Beja. O caso macabro do homem que assassinou a família, animais domésticos e tudo o que mexia lá em casa é um choque para qualquer um mas marca de uma forma diferente, mais profunda, a população da pequena cidade alentejana.

É preciso compreender que Beja é uma cidade mas é também uma aldeia grande, em que todos se conhecem, há sempre um primo de um vizinho, um sobrinho que conhece aquele outro, etc. Daí que este caso tenha tido em Beja um impacto mais próximo ao que se sente em situações semelhantes numa aldeia do que numa grande cidade do litoral.

Os especialistas dizem que nestes casos o mais natural é o assassino terminar a "obra" com um suicídio que neste caso não aconteceu. A sua morte mal explicada na prisão leva-me a pensar que os assassinos e criminosos a sério que lá estão não acham grande piada a malta que despacha criancinhas à catanada e depois não tem coragem para se matar a si próprio...

Calhou-me em sorte estar em Beja ontem, precisamente no dia eu que o "suspeito" foi "encontrado morto" na cela, sete horas depois de lá entrar. Claro que tentei desde logo medir o pulso às pessoas, e o resultado é curioso: Prefere-se não falar muito do assunto, talvez porque já tenha sido tudo dito. No restaurante cheio passa a notícia no telejornal e ninguém levanta os olhos para ler, apenas um ou dois e de soslaio. Quando eu pergunto algo recebo respostas monossilábicas, curtas, vagas.

É uma espécie de vergonha colectiva, de mágoa pela perda de elementos de uma grande família às mãos de uma ovelha negra de quem "ninguém podia esperar uma coisa destas" (apesar de lhe terem sido diagnosticados graves problemas psicológicos, de já ter estado preso por roubo, de ser alcoólico, violento e de ter um cancro em fase terminal).

O ambiente é pesado e nota-se que todos querem que o assunto caia rapidamente no esquecimento. Mas a marca na comunidade é indelével...

Inês

Assim, de repente, em pleno Mosteiro de Alcobaça antes de um concerto. Luísa Sobral e António Zambujo.

Portugal também sabe ser fantástico.



Todo o poeta ou escultor, todo o actor ou escritor, sonha um dia amar assim, sonha ter alguém para si.
Todo o cantor, compositor largava tudo por este amor. Por um dia amar assim, por um beijo num banco de jardim.
Mas o amor não é para qualquer um, ser artista não é uma vantagem. Os artistas amam um dia, vendo o amor apenas de passagem.
Quando o poeta sentir a dor da mais antiga história de amor, só então vai entender porque Inês amou até morrer.

[Dedicado à Tinês, pois claro, embora com uns dias de atraso!]

Ah, e hoje...

...só por isso já é um dia bom.

Inspiração para hoje



[Que show... e que saudades de ouvir esta música!]

My biggest fan

- Ana, estiveste com o padrinho?
- Sim! Tem baba, gaaaande!!!
- Tem barba? Está feio, não está?
- Feio? Não tá feio. Tá lindo...

De volta

O grupo fantástico brilhou a alto nível nas pistas dos Alpes e na pista de dança da mini-sala dos chalets da Super-Dévoluy. É a conclusão óbvia de uma semana de férias na neve que correspondeu plenamente às expectativas.

É tempo de voltar à vida normal: Nós, a nossa casa, o nosso sofá, futebol (Ah, ganda Benfica!), séries, filmes e programas estranhos na TV no Domingo à noite.

E trabalhar, a partir de amanhã. Que há muito por fazer, decisões para tomar, projectos para abraçar e clientes para satisfazer.

Vamos lá então.