Vila Nova de Foz Côa, hora de jantar. Estaciono à porta de um dos bons restaurantes e dirijo-me para a entrada. Noto que se encaminha para o mesmo estabelecimento um pequeno grupo de três pessoas: Um casal de idade avançada e uma senhora na casa dos 40 anos.Imediatamente (quando estou sozinho invento uma série de distracções) começo a fazer cálculos para tentar descobrir, naquela passada, quem de nós chegaria primeiro ao restaurante.
Eis que nesse preciso momento a senhora mais velha, que vinha a conversar com o marido, falha o degrau do passeio, tropeça, e espalha-se ao comprido no chão mesmo à minha frente, a uns 10 metros. Um malho tal que o saco de plástico que trazia na mão fez um vôo planado de vários metros e os dois (!) sapatos saíram dos pés, enquanto a senhora batia mesmo de cara no passeio.
Perplexo, fui ajudar imediatamente. Não só por uma questão de boa educação, mas porque naquela situação e àquela distância qualquer pessoa com dois dedos de testa ia socorrer a senhora. Ainda mais porque os dois bananas que a acompanharam não conseguiram fazer mais do que ficar especados no mesmíssimo lugar, o marido a repetir "Ó mulher, então tu cais? Tu não vês por onde andas?" e a outra senhora, uma "amiga", olhava e dizia "Partiu os dentes? Veja lá se partiu os dentes!" sem sequer se baixar.
Sim, fui o único a ajudar a senhora. E fui eu que lhe fui buscar o saco. E fiquei a perceber que não eram dois bananas, mas sim três. Porque nenhum dos três foi capaz de murmurar um simples obrigado.
E poderão dizer "a senhora, coitada, estava meio atarantada, tem desculpa..." mas nem isso. Porque depois, no restaurante, só havia duas mesas disponíveis, uma ao lado da outra. Sim, praticamente jantei com os três bananas. E nada. Nem me dirigiram a palavra.
Gente triste. Não pude deixar de pensar que os meus futuros sogros, sensivelmente da mesma idade do casal, numa situação igual nunca deixariam que o bom samaritano fosse embora sem pelo menos, PELO MENOS, lhe pagarem o jantar...
1 comentário:
Ah, grandes sogros!!!
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