The Walking Dead (Finalmente!)

Olho para o historial do blog e vejo que nunca me pronunciei devidamente aqui sobre The Walking Dead. Surpreendente, tendo em conta que é para mim uma das melhores séries de sempre, mas também explicável em parte pela falta de adjectivos para caracterizar a série. Quando uma série nos prende durante cinco anos (e os que aí vêm...) e nos acompanha durante tanto tempo, passa a fazer um pouco parte de nós. Foi assim com o Lost, com o How I Met Your Mother e com o Breaking Bad, tem sido assim também com o Game of Thrones. Tudo séries sobre as quais já falei aqui.

E porque é que The Walking Dead é tão especial, afinal? Na falta de adjectivos, dei-me ao trabalho de traduzir a carta de amor que o actor Nathan Fillion (Castle), fã incondicional, enviou à produção do programa. Porque está lá tudo e não é preciso acrescentar nem mais uma vírgula...

Se estiverem à procura de uma crítica ao último episódio, vão ficar decepcionados. Não há boatos sobre "O que acham que este personagem vai fazer?", aqui. Esta é uma carta de amor.

Vamos falar de entretenimento. Às vezes vejo televisão pela fuga, e outras vezes pela viagem. A diferença está em perceber se este programa me está apenas a distrair ou se consegue suspender a descrença e transportar-me para um plano de "e se...?". É certo que não vou ver uma série na próxima semana se não me interessa o que vai acontecer a seguir . Dêem-me uma história que faça perguntar a mim mesmo o que eu faria na mesma situação. Deixem-me preocupar-me com os personagens que conheci, vê-los aprender e crescer ou estagnar e falhar. Deixem-me odiá-los, deixem que eles me decepcionem. Deixem-me vê-los a fazer escolhas moldados pelas experiências.

Quando fico realmente interessado num programa, transcende a experiência daquela observação típica em casa, sozinho. Quero compartilhar  a experiência, reunir os meus amigos. Compro bebidas e comida, às vezes até relacionadas com o tema do programa. Torna-se um evento. Deleitamo-nos com a emoção de ter esperado toda a semana, conversando sobre as partes que nos emocionaram, prevendo o que vai acontecer a seguir e porque é que pensamos assim. Trago para este rebanho novas pessoas que nunca viram o programa, e vejo a emoção crescer dentro deles apenas por estarem rodeados por outros que já são viciados. Reunimo-nos em frente à TV e baixamos as luzes. Toda a gente se põe numa posição confortável, fazemos aqueles comentários e piadas de última hora, e então silêncio. O show começa. A espera acabou. A semana inteira passada a falar sobre o último episódio acabou. A antecipação é saciada. A viagem continua.

Nos intervalos comentamos o que se passou, ofegantes, uns concordam outros não, isso não importa. O que importa é que estamos a ser manipulados para sentir. As emoções estão brotando do nada - nada mais que uma história bem trabalhada.

Obrigado, Walking Dead. Obrigado por suportarem o calor em Atlanta. Obrigado pelo sacrifício de se deslocarem a partir das vossas casas. Obrigado, elenco e equipa, escritores e produtores, fundição e fantasias. Obrigado, maquilhagem e departamentos de cabelo, médicos assistentes e todos os artistas que fazem de zombies. A todos vocês, obrigado.

Para aqueles que ainda não viram The Walking Dead, vocês não têm que estar interessados no apocalipse. Não precisam de desfrutar perguntando-se como iriam sobreviver se a sociedade, comércio, infra-estrutura, civilização no geral parou. Vocês nem têm que gostar de pensar sobre as melhores defesas contra os zombies para desfrutar de boas histórias ...

...mas ajuda.

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