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Em Synecdoche, New York, Kaufman arrisca mais, muito mais. Trata-se de um dos argumentos mais pretensiosos e complexos de todos os tempos, o que é sempre de louvar mas acarreta algumas desvantagens. Aqui Kaufman aproxima-se perigosamente do universo de David Lynch, um universo que eu não aprecio particularmente pois torna-se demasiado dúbio e objecto de várias interpretações. E isso é que já não me convence – se um argumento complexo me agarra à cadeira e me faz queimar neurónios com um objectivo, fico satisfeito. Mas a partir do momento em que a história é tão vaga que não tem uma interpretação correcta, já me parece que estão a abusar do bom senso do espectador.
Concentremo-nos no filme, que pode ser resumido como a história de um artista que tenta recriar uma Nova Iorque em ponto pequeno incluindo a sua própria história - uma obra maior que a própria vida. Philip Seymour Hoffmann confirma (com uma interpretação soberba!) que é um dos maiores da actualidade e o elenco feminino é vasto e fortíssimo. O casting de Emily Watson/Samantha Morton, então, é perfeito. E a intensa carga dramática persegue-nos o tempo todo, por todas as ruas da cidade verdadeira mas também da cidade falsa. Synecdoche, New York é uma viagem alucinante na mente de um homem amargurado, mortificado. E é uma viagem que não se esquece tão cedo...
Agora compreendo porque é que Synecdoche, New York não estreou em mais salas – a verdade é que não está direccionado para o grande público e não é um filme que agrade a todos, está muito longe disso. A mim não me agradou tanto como esperava devido à tal falta de objectividade. Mas é de desfrutar e, provavelmente, de ver mais que uma vez para o compreender. Talvez...
Classificação: 15
1 comentário:
Ponto 2 cumprido =)
**
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